Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo não se esquece em momento nenhum de mostrar que é um filme estranho, a cada oportunidade possível tem alguma coisa em cena que foge do senso comum e que ainda por cima é necessária para a cena, existe uma realidade em que as pessoas tem dedos em formato de salsichas e não está presente só para dar uma risada em um momento específico e pronto, entendemos os sentimentos dos personagens daquela realidade, em que eles também se desenvolvem um pouco nessa jornada maluca.

Mas é claro que esses elementos também são usados para comédia, em que ri nesse filme diversos tipos de risadas ao assistir alguma obra de ficção, tem a risada padrão de uma coisa simplesmente engraçadinha e também aquelas que é puramente “ah mas não é possível que fizeram esse tipo de coisa” *insira um rosto chocado com a mão na boca começando a rir*, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é feito para a sua 5ª série interior e o seu cinéfilo chatão interior fazerem a festa no mesmo nível.

Eu adorei as cenas de ação, pois elas são uma mistureba perfeita de pessoas que são especializadas em um estilo de luta com aquelas que não entendem nada disso, em um contexto que tudo que está na cena pode ser usado para combate e defesa, como já diria o termo que está nos anais da literatura (eu precisava muito colocar essa expressão quando falasse desse tópico na resenha e espero que quem tenha visto o filme pegue a referência): o poder da solução provisória permanente - a gambiarra -, está muito presente nesse filme.

Amo histórias com multiverso, por conta que as possibilidades de mundos existentes e as diversas facetas de um personagem dependem apenas da criatividade de quem escreveu a obra (o livro Matéria Escura do Blake Crouch e a trilogia Firebird da Claudia Gray são histórias que tem um espaço no meu coração por conta disso), e gostei muito de como o filme vai longe nos multiversos, às vezes mexendo em um único ponto visual para fazer grande diferença nas vivências. O filme também abraça os sem talentos e aqueles com mil hobbies, para mostrar o valor de uma personagem com essa característica que pode ser a única chance para salvar o multiverso.

Nos últimos anos estão surgindo filmes que estão fazendo sucesso em Hollywood com a diaspora latina e a diaspora asiática em que estão lidando com os dramas e pressões de diferentes gerações, alguns bons exemplos recentes são as animações Encanto e Red: Crescer é uma Fera, aqui é mais um caso e Hollywood já pode mandar mais um monte, pois estou aqui pelo drama e para sentir punhaladas ao conseguir comparar as situações de pressão vistas no filme com aquelas que vivo e/ou vi por aí de perto.