Autora: Samanta Schweblin

Sinopse: FINALISTA DO INTERNATIONAL BOOKER PRIZE

O que aconteceria se fosse permitido às pessoas entrar na casa de desconhecidos e circular livremente por meio de um dispositivo tão adorável quanto um robô de pelúcia? Do que somos capazes quando guiados pelas regras incertas de um novo contrato social e sob a garantia do anonimato?

Neste romance original e divertido, mas também aterrador, Samanta Schweblin, uma das principais vozes da literatura argentina atual, explora o lado inquietante da tecnologia e constrói um poderoso retrato da vida moderna.

Solidão, afeto e generosidade, mas também oportunismo, infâmia e perversão, são alguns dos sentimentos que, atravessados pela virtualidade e pela paradoxal fragilidade da comunicação contemporânea, compõem este romance demasiado humano, verdadeira anatomia moral de nossos dias.

Fiquei sabendo do livro como algo que poderia ser fácil um episódio de Black Mirror, e para mim o livro funcionou melhor do que os episódios da série - que inclusive não assisti toda -, pois enquanto Black Mirror mostra o cenário mais caótico possível do uso de uma certa tecnologia, aqui em Kentukis tem uma baita nuance, pois vai de algo esperançoso e/ou normal até pontos mais caóticos.

O formato do livro se resume a mostrar vários pontos de vistas de usuários dos Kentukis, sejam aqueles que tem os bichinhos de pelúcia em casa ou aqueles que controlam os bichinhos em todo o planeta, algumas histórias voltam mais de uma vez para desenvolver mais aquele caso, mas no geral são 4/5 páginas contando alguma situação e pronto acabou. Não existe um senso de clímax ou plot twists na história, é assim do início ao fim.

Kentukis me fez lembrar de duas coisas:

- da quantidade de situações com animais que viram memes, pois sempre giram em torno que o problema das coisas é o usuário, tipo os designers estudam horrores para facilitar a vida do usuário do produto e ele vai e usa de forma totalmente errada;

- e também que o ideal da tecnologia é ela ser um terreno neutro, só vai ser usada para o bem por pessoas com índole boa e para o mal por pessoas com índole ruim (aliás, os pontos de vistas que rendem na história mostram as diversas qualidades das pessoas, em que a moralidade de ninguém é intacta).

Com todo o lance de voyeurismo - prazer por observar outras pessoas - abordado no livro, consigo imaginar o conceito dos Kentukis fazendo mais sucesso no Brasil do que em outros países, considerando o quanto o BBB faz mais sucesso por aqui do que as edições de outros países ao redor do globo.

Enfim, Kentukis foi um episódio de Black Mirror que funcionou para mim de forma melhor que os episódios da série, entrando bem nas nuances de tecnologia e usuário. O livro foi a primeira leitura da minha meta pessoal de ler mais livros de escritores de origem latinoamericana (aceito recomendações!), já que a Samanta Schweblin é da Argentina.

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